segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A crise realmente passou?

Alguns meses depois do ápice da crise mundial, que eclodiu após constantes quebras no setor imobiliário americano, se fala na volta da tranquilidade econômica no cenário nacional e internacional.

Esses dias, eu estava lendo o blog da Mirian Leitão, uma das economistas mais renomadas do país, e vi uma matéria onde ela indagava a mesma coisa, mas fazia a leitura numérica da crise.

Ela fez uma leitura muito inteligente sobre a falsa estabilidade que estamos vendo. Pois a taxa de desemprego ainda está altíssima, e as empresas continuam demitindo pessoas, o que acaba estagnando o crescimento da nossa economia.
Mas, o ponto que quero chegar perpassa o nível da economia e se fixa nas entranhas do nosso país. É a crise cultural. Essa, que chegou e parece não querer acabar mais. Essa, que realmente balança todos os setores, inclusive o da publicidade.

Estamos vivendo uma época onde a cultura está virando exibicionismo. Se perde a noção do belo, do artístico, do conteúdo e se observa muito mais a embalagem que envolve tudo isso. E isso estando embalado, esconde a verdadeira beleza do que deveria se mostrar.

Hoje, é normal ligarmos a televisão e vermos uma profissão ser desvirtuada por falsos “inovadores”.

Para ilustrar melhor o meu ponto de vista, vou utilizar uma figura de linguagem que o nosso tão querido e inteligentíssimo presidente molusco utiliza bastante: a metáfora.


A publicidade, meramente artística, é tão ruim quanto irmos a um show musical e vermos o violeiro tocar a música com o violão nas costas.


Ora, se pago para ver alguém tocar violão, quero ver a pessoa tocar violão e não ver malabarismo com o instrumento.
Da mesma forma, se pago alguém para fazer propaganda para o meu produto ou serviço, quero que ela venda mais, ao invés de fazer daquilo um verdadeiro show de inutilidade.

O que estou querendo dizer é que não esqueçamos o verdadeiro sentido das coisas e o porquê delas existirem. Acho muito bacana usar a criatividade como ferramenta, mas a criatividade não existe por si só.

Criatividade por si só é devaneio.

E, por causa desses falsos Van Goghs da publicidade, vemos a cada dia propagandas mais e mais insanas, onde o objetivo de atrair o consumidor e incentivá-lo a adquirir o produto ou serviço é deixado de lado. Se discordarem do meu ponto de vista, é só observarem que a opção dos anunciantes por trocar de agência está ficando cada vez mais comum.

Em parte, eu dou razão a essa troca. Se a agência não está sendo capaz de suprir as necessidades do cliente, algo está errado e deve ser mudado.
Mas, também há muitos clientes que trocam de agência precipitadamente, pensando apenas no desempenho de curto prazo. E, alguns processos demandam um tempo maior para repassar um conceito, fixar a marca e começar a dar o retorno esperado. A tarefa de explicar isso fica por conta, também, do publicitário.

Portanto, diante de tantos pontos falhos, se alguém disser que a crise passou, ou é muito otimista ou muito míope.

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